sábado, 2 de abril de 2011

Idolos


The Ramones
Joey era um ex-hippie com passagem pelo hospício.
Dee Dee não conseguia cantar e tocar ao mesmo tempo.
Johnny era o tipo do cara que, se deixassem (e deixaram), ia colecionar coisas de Elvis Presley, filmes B e revistas em quadrinhos até o fim da vida.
Tommy nem era para ser o baterista.
Ele só calou de ser porque Joey, que era o baterista mais desastrado do mundo, foi promovido a vocalista.
Como vocalista, Joey era estranho.
Todo mundo imitava ou David Johansen (do New York Dolls, que imitava Mick Jagger) ou então Iggy Pop.
Joey parecia ter dito para si mesmo antes de pisar, pela primeira vez, em um palco: “pau no cu, vou fazer do meu jeito ou de jeito nenhum”.
E foi o que ele fez.
Debby Harry, vocalista do Blondie, costuma contar que teve ataques de riso quando viu o primeiro showcase do Ramones.
Joey, atrapalhado com o pouco espaço, sem enxergar nada por causa dos óculos escuros, só levava tombo.
Ele caía, a banda parava.
Ele levantava, eles tocavam.
Patético, né?
Qualquer um de nós poderia fazer algo assim.
Mas só sendo autêntico até o fundo dos ossos.
Tanta autenticidade recebeu o nome de punk.
E os Ramones assinam a paternidade.
Pensamentos rasteiros.
Tédio mortal.
Viagens mórbidas.
Histórias tristes.
Violência.
Tudo isso podia virar música.
Até os Ramones aparecerem, ninguém sabia direito disso.
Sem eles, você talvez continuasse pensando essas coisas engraçadas sem nem perceber.
Quando um pensamento passar pela tua cabeça e te deixarem com uma canto de riso na boca, é porque foi um pensamento ramone.
Joey faria uma música com ele e, se você tivesse uma banda, ia ficar com inveja porque ele pegou sua idéia e fez coisas que você nunca faria.
Não intencionalmente.
Quanto aos Ramones, não se preocupe.
Eles sempre te entenderam e nunca se explicaram.



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